Candidata diz ter sido laranja de ministro do Turismo ao MPF
A candidata a deputada estadual durante as eleições 2018 pelo PSL, Zuleide Aparecida Oliveira, prestou depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) na última segunda-feira (22). Durante o depoimento na sede da Procuradoria da República de Pouso Alegre, no Sul de Minas, a candidata confirmou denúncias feitas anteriormente, de que foi chamada pelo Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, para ser candidata laranja. Procurado pelo G1, o ministro voltou a negar as irregularidades e afirma que aguarda a conclusão das investigações.
Segundo a Procuradoria, além de confirmar as afirmações contra o político, Zuleide entregou ao MPF materiais de campanha enviadas pelo partido, que incluem 25 mil santinhos de propaganda, em dobradinha com o Marcelo Álvaro Antônio que, segundo o MPF, não foram declarados à Justiça; além de adesivos de apoio ao então candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, ao lado do atual Ministro do Turismo.
Agora, conforme o Ministério Público Federal, o material deve ser encaminhado para análise de prestação de contas do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MG). Ainda segundo o MPF, os gastos com a campanha da candidata não foram registrados pelas divisões do PSL em Minas Gerais e nacional.
O pedido do chamado sobrestamento do julgamento das contas de campanha do PSL por oito meses foi feito no dia 6 de fevereiro. A intenção, segundo o MPF, é apurar supostas irregularidades.
Zuleide já tinha sido ouvida pela Polícia Federal no dia 19 de março. Durante o depoimento, Zuleide de Oliveira contou que encontrou Marcelo Álvaro Antônio no ano passado em Belo Horizonte e que ele fez a proposta. Segundo ela, caso fosse candidata, receberia R$ 60 mil do fundo partidário, mas só ficaria com R$ 15 mil para a campanha. Na época, o ministro negou irregularidades e disse que a candidata “mente descaradamente”.
O ministro foi procurado pelo G1 e se manifestou por meio de nota. Ele negou irregularidades. Confira a nota na íntegra:
“Reitero que não houve qualquer candidatura laranja no PSL de Minas Gerais e que o partido seguiu rigorosamente o que determina a lei. Já apresentei ao Ministério Público provas de que tudo o que vem me atingido nos últimos dois meses é resultado de uma disputa política local. Sigo confiante no trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça, onde as investigações estão em curso e sigo no aguardo da conclusão das investigações confiante de que a verdade prevalecerá”.
Denúncia
A candidata a deputada estadual pelo PSL nas eleições 2016, Zuleide Aparecida Oliveira, denunciou o atual Ministro do Turismo em um e-mail enviado ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais em 19 de setembro de 2018. Na mensagem, ela contou que teria sido induzida pelo partido a ser candidata. No entanto, depois de assinar documentos, não teve mais o respaldo de Marcelo Álvaro Antônio.
Na época, o TRE confirmou o recebimento do e-mail e informou que o procedimento correto seria denunciar ao Ministério Público Eleitoral. O caso veio à público em uma reportagem publicada pelo jornal “Folha de São Paulo”, no dia 7 de março.
Após a repercussão, o Ministério Público Eleitoral afirmou que “considerando os indícios de irregularidades na prestação de contas de Zuleide Aparecida de Oliveira, que não foram declarados à Justiça Eleitoral os santinhos mostrados na reportagem da ‘Folha de S.Paulo’, determinou a instauração de procedimento preparatório eleitoral”.
Outras candidatas do PSL mineiro são investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público por suspeita de candidatura laranja nas últimas eleições. As investigações apuram a denúncia de que o dinheiro enviado às candidatas teria sido devolvido a assessores do ministro Marcelo Álvaro Antônio.