Sergio Moro não é mais ministro da Justiça e da Segurança Pública. Ele deixa o governo após não concordar com a exoneração do delegado Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal.
A discordância sobre o comando da Polícia Federal, que é subordinado ao ministro da Justiça, afeta a relação entre Bolsonaro e Moro desde agosto do ano passado, quando o presidente sinalizou pela primeira vez que gostaria de trocar o responsável pelas investigações da PF. Na época, interlocutores do governo conseguiram contornar a crise e impediram mudanças.
Sergio Moro é um dos nomes mais populares do atual governo e com melhor aprovação. Ele aceitou o convite de Bolsonaro para ser ministro e abandonou a carreira de magistrado após ficar conhecido nacionalmente pelo trabalho no comando da Operação Lava Jato.
Com as bandeiras de combate à corrupção e ao crime organizado, Moro assumiu o Ministério da Justiça afirmando ter recebido carta branca para realizar o seu trabalho. No entanto, ele nunca conseguiu colocar o “superpoder” em prática, sofrendo várias derrotas consecutivas, como aconteceu com o pacote anticrime.
A relação com Bolsonaro foi se deteriorando com o passar do tempo. O presidente acreditava que o então ministro não tomava providências para blindar o governo. Durante a pandemia do coronavírus, os dois voltaram a ficar de lados opostos. Moro era favorável ao isolamento social e defendia o posicionamento de Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde demitido por Bolsonaro. Foi chamado de egoísta nos bastidores pelo chefe.
Uma indicação para ser ministro no Supremo Tribunal Federal (STF) também estava nos planos de Moro. O decano Celso de Melo se aposenta em novembro e vai abrir uma vaga. O presidente é o responsável por fazer a indicação para o cargo, considerado o ponto mais alto na carreira na Magistratura. Bolsonaro teria prometido indicar o ex-ministro quando o convidou para fazer parte do governo. Porém, a indicação foi ficando cada vez mais distante e parece improvável agora.