Ministro de operação contra Witzel já foi delegado e é 1º negro no STJ
Responsável por autorizar a operação contra o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Benedito Gonçalves, 66, tem uma experiência peculiar na área criminal: foi delegado de polícia por seis anos antes de ingressar na magistratura.
No início de sua carreira, Gonçalves ingressou por concurso público como delegado da Polícia Civil do Distrito Federal, função que exerceu entre 1982 e 1988. Antes de se tornar delegado, ele trabalhou por 11 anos como papiloscopista (especialista em impressões digitais) da Polícia Federal.
Apesar da atuação no DF, Gonçalves fez sua carreira como juiz no Rio de Janeiro, estado em que nasceu.
No início de 1988 ele foi aprovado em outro concurso para juiz federal no Rio. Na Justiça Federal, foi promovido por merecimento a desembargador do TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), em 1998.
Em 2008, Benedito Gonçalves se tornou o primeiro ministro negro do STJ, nomeado no tribunal pelo então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante o governo Dilma Rousseff (PT), o ministro chegou a ser cotado para ocupar uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal) após a aposentadoria de Joaquim Barbosa. Mas a hipótese não se concretizou, e a vaga de Barbosa foi ocupada pelo ministro Edson Fachin.
Na decisão da operação de hoje, Gonçalves autorizou apreensão e quebra do sigilo dos dados contidos nos telefones e demais equipamentos eletrônicos do governador Wilson Witzel (PSC).
As investigações apontam suspeitas de fraudes em contratações emergenciais na área de saúde. O governador do Rio se defendeu afirmando ser vítima de uma “ditadura da perseguição”.
Atuação no STJ
No STJ, Gonçalves integra a Corte Especial, órgão composto pelos 15 ministros mais antigos do STJ e responsável por julgar as ações penais contra governadores. O STJ possui 33 ministros.
O ministro também é integrante da Primeira Turma e da Primeira Seção do tribunal, órgãos especializados em julgar processos de direito público, como os das áreas tributária e previdenciária.
Em novembro do ano passado, ele tomou posse como ministro substituto do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Gonçalves chegou a ser investigado no âmbito da operação Lava Jato por suspeitas sobre a natureza de seu relacionamento com o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, após serem identificadas mensagens trocadas entre os dois.
Mas o MPF (Ministério Público Federal) pediu o arquivamento dessa investigação após não encontrar provas. O arquivamento foi autorizado pelo ministro Edson Fachin, relator do caso no STF.