Ensino de Robótica nas escolas municipais de João Pessoa tem papel transformador na vida de alunos

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Em um contexto de desigualdades sociais, a educação tem um papel fundamental como agente transformador. Nessa proposta, a Prefeitura de João Pessoa trabalha para promover mudanças e incentivar a valorização do ensino público. Uma dessas iniciativas é o ensino da Robótica implantado em 40 escolas do município, que por causa da pandemia do Coronavírus, acontece de forma remota, beneficiando 172 alunos, do Ensino Fundamental ao 9º ano.

A secretária de Educação de João Pessoa, América Castro, pontuou sobre a reestruturação do uso da Robótica no ensino da rede municipal, com foco na integração de conteúdos, multidisciplinaridade e universalização do acesso. “A rede de ensino foi reestruturada para a formação do corpo profissional para que as aulas sejam mais atraentes, lúdicas e assim o aprendizado possa fluir melhor dentro da filosofia onde o município cuida do professor, que cuida do aluno. Hoje trabalhamos além das competições. Trabalhamos para que haja mudanças na vida dos alunos”, destacou.

Investimentos – Para promover o resgate do emprego da tecnologia nas escolas, o prefeito Cícero Lucena criou, desde março, o Departamento de Formação, Programação e Robótica, que agrega em seu organograma a Divisão de Robótica e Programação Escolar. A nova estrutura tem a missão de fazer um trabalho integrado com a Diretoria de Ensino, Gestão e Escola de Formação da Secretaria de Educação e Cultura de João Pessoa.

De acordo com Elisson Dutra, diretor do Departamento de Formação, Programação e Robótica, a gestão Cícero Lucena trabalha para a uniformização com qualidade, eficiência e oportunidade de aprendizado a todos os alunos. Ele explicou que Robótica é trabalhada de forma multidisciplinar, usando a Matemática, a Geografia, Física, por exemplo, e será integrada no currículo do aluno, no seu dia-a-dia.

E esse investimento na disciplina vem dando resultados. A Escola Municipal de Ensino Fundamental Frei Afonso, localizada no bairro do Roger, por exemplo, foi destaque na etapa Estadual da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), sagrando-se campeã em dois níveis do torneio. O evento, que ocorreu em agosto, contou com a participação de várias escolas da Paraíba, tanto da rede pública como privada. A Frei Afonso venceu na categoria ‘Simulação no nível 1’, que tem na equipe alunos do Ensino Fundamental, e no nível 2, com estudantes do 9º ano e Ensino Médio.

O professor da disciplina na unidade de ensino é Rodrigo Lira, que lembra como tudo começou. “Em 2014, levei as crianças ao Mundial de Robótica que estava acontecendo no Centro de Convenções e um dos alunos me disse: ‘Professor, como a gente faz para um dia chegar até aqui?’. Isso me tocou”, contou.

Até chegar aos resultados, o trabalho foi longo e árduo, porque aos alunos são muito carentes e passam por inúmeras dificuldades financeiras. Por isso, o apoio da Secretaria de Educação e Cultura (Sedec) está sendo fundamental. “Enfrentamos muitas dificuldades. Alguns alunos vêm para escola para conseguir se alimentar e essa realidade dura é difícil de enfrentar. Por isso, o papel da Prefeitura é importante, como suporte para que esses meninos continuem tendo condições de estudar e crescer”, destacou.

Direito fundamental – Paulo Roberto, de 15 anos, e Carlos Oliveira da Silva, de 17 anos, entendem a educação como um direito fundamental e uma garantia de desenvolvimento social, econômico e cultural. Eles são ex-alunos da Escola Frei Afonso e acabaram de ser contratados como jovens aprendizes por uma empresa de tecnologia aqui da Paraíba.

“Meu sonho é montar uma equipe de trabalho com todos os estudantes daqui da Escola Frei Afonso. Somos mais que uma equipe de Robótica, somos família. Quero mudar a realidade da minha comunidade. Já tivemos a presença da imprensa aqui, mas não por causa da educação, e sim da violência e eu quero mudar isso. Quero resgatar os jovens dando a eles oportunidades”, revelou Paulo Roberto.

Os estudantes Wagner Felipe Monteiro, de 13 anos; Luiz Felipe, de 10 anos; Lucas Francelino, de 13 anos; e André Alves, também de 13 anos, pensam como o amigo Paulo. Eles se dedicam à Robótica para mudar a realidade em sua comunidade. “Eu quero que meu pai tenha orgulho de mim, mas quero também ter a minha empresa e dar uma chance para os jovens do bairro”, planejou Wagner.

Pela força de vontade desses adolescentes e o sonho de um futuro melhor, que o professor Rodrigo Lira não mede esforços para transformar a vida dos alunos. Ele sabe da importância que a educação e a Robótica têm na vida de cada estudante. “É a esperança de um futuro melhor”, disse.

“Estamos mudando a vida dos alunos através da educação. Eles não querem estar fora da escola, pois sentem que pertencem a este lugar, que somos uma família. Meus alunos conseguem enxergar significado no que estão fazendo. Eles exploram e descobrem um mundo onde não há barreiras econômico-sociais”, ressaltou.

As aulas de Robótica são acessíveis aos alunos de toda rede municipal, do Fundamental, Infantil até o 9º ano.

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