Depois de três meses da morte do motoboy Kelton Marques, atingido por um carro em alta velocidade, em João Pessoa, em 11 de setembro , o principal suspeito do crime, Ruan Ferreira de Oliveira, segue foragido. A prisão preventiva foi decretada no dia seguinte pós à colisão, e desde então ele é considerado foragido da justiça. A família da vítima segue na luta por justiça.
Segundo o delegado Rodolfo Santa Cruz, o inquérito foi concluído, o mandado de prisão continua em aberto e Ruan segue foragido. O delegado disse que não se pode afirmar se o suspeito está ainda na Paraíba ou não, porém, diz que não existe nenhuma pista sobre o paradeiro dele.
O g1 tentou entrar em contato com a defesa do suspeito, o advogado Genival Veloso, mas não obteve respostas até a última atualização dessa matéria.
Pai, filho, irmão e amigo, Kelton era casado e deixou uma filha de anos e outra de apenas dois. Kamilla Marques, a irmã mais nova do motoboy relata que perdeu um verdadeiro confidente, parceiro e cúmplice. “Coisas que nunca confiei com amigas mulheres, eu confiava nele. Sabe aquela pessoa que nunca me criticava ou dizia um não se eu estivesse errada? Era ele pra mim”, disse a irmã.
Kelton trabalhava em um bar da praia de João Pessoa e atuação como motoboy era uma forma de ganhar dinheiro extra. Seu sonho de verdade era ser dono do próprio negócio, que ele lutava para conquistar já há três anos. Um ponto para instalar seu comércio já estava construído, no bairro do Valentina.
Apesar disso, cumpria o serviço de entregas com uma alegria. Sempre brincalhão, fez muitos amigos entre os motoboys. Ele gostava de ser entregador, mas era um trabalho cansativo, temporário e que ele já estava próximo a abandonar, de acordo com a irmã.
“Eu dizia a todos com muito orgulho que eu ia trabalhar pra ele porque era esse os planos dele. Ele me dizia: “você vai sair de seu emprego e vai trabalhar pra mim” e assim eram nossas conversas. (…) Eu sempre marcava ele no Instagram e falava a ele que eu o admirava muito. Eu dizia: ‘eu admiro muito, tenho muito orgulho de você’ e também marcava em publicações pedindo que Deus o protegesse nesse bico de motoboy. Ele foi pra mim o único homem que eu admirei e admiro aqui na terra”, disse.Kamila disse que não sentiu muito apoio das autoridades para o caso. A esposa de Kelton chegou a pedir uma pensão, por ser dependente, mas o pedido ainda está em análise.
Segundo a irmã, as autoridades “não dão detalhes, nem demostram esforço nas ruas, para procurar e o suspeito”. O que fica é a saudade e o companheirismo do irmão, que faz tanta falta.
“Eu às vezes questionava de tanto que ele trabalhava e ele me respondeu uma vez: ‘darei a minhas filhas o melhor e nunca vou abandona-lás’. Isso me orgulhava tanto, o homem maravilhoso que ele era”, relata irmã.Os trabalhadores costumam se reunir no local do acidente, nos arredores da a Avenida Flávio Ribeiro Coutinho, o Retão de Manaíra para reivindicar por mais segurança no trânsito.
A Lei Kelton Marques, de autoria do deputado federal paraibano Aguinaldo Ribeiro (PP), visa responsabilizar civilmente quem provocar acidente, com dolo ou culpa, sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que altera a capacidade de discernimento.
Ela foi apresentada no dia 13 de setembro, dois dias após a morte do motoboy e tem o objetivo de punir mais intensamente o motorista que assume o risco de matar alguém no trânsito.
A proposta é que quem causou o acidente repare integralmente dos danos causados à vítima. Na fixação da pena, o juiz ao analisar o caso, determinará o valor da indenização de danos materiais e morais causados.
Anda poderá ser fixada pensão vitalícia no caso de imobilidade permanente da vítima ou à família, na hipótese de a vítima ser provedora do sustento familiar, como é o caso de Kelton.
O Projeto de Lei tramita na Câmara Federal, aguardando parecer do Relator na Comissão de Viação e Transportes (CVT), o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP).
G1PB