Chá verde em Pequim, hotel 7 estrelas e “Veneza belga”: o que Janja fez nas viagens com Lula
Degustação de chá e visita à Cidade Proibida em Pequim, caminhada por Bruges, a “Veneza” da Bélgica, e noite de gala no Emirates Palace Mandarin Oriental, o hotel de sete estrelas de Abu Dhabi. Esses foram alguns dos passeios que fizeram com que Rosângela da Silva, a Janja, não ficasse entediada ao acompanhar as visitas diplomáticas de seu marido, o presidenteLuiz Inácio Lula da Silva(PT).
Em nove meses de governo, o mandatário brasileiro fez20 visitas oficiais a outras naçõese foi acompanhado por sua esposa, Janja Silva.
Em todos os destinos ela esteve presente em cerimônias protocolares, que são comuns à posição de primeira-dama. Janja acompanhou o marido, por exemplo, em visitas ao papa Francisco, no Vaticano, e ao rei Charles III, na Grã-Bretanha, e também protagonizou uma visita à mulher do líder chinês Xi Jinping em Pequim, entre outros compromissos.
Mas foram suas agendas extras, as compras, os passeios e as estadias em hotéis luxuosos que geraram reprovação de uma boa parte da população e de políticos, que passaram a acusar Janja de se aproveitar de sua posição para fazer turismo. O fato de primeiras-damas viajarem com seus maridos e terem programação própria é corriqueiro no meio diplomático, mas Janja atraiu atenção ao expor essas atividades nas redes sociais.
Agenda de Janja tem visita à cidade proibida e degustação de chá verde
Durantepassagem do presidente pela China, em abril, a primeira-dama teve uma programação de passeios pela cidade de Pequim enquanto Lula tinha encontros bilaterais com Xi Jinping, o líder do governo e secretário-geral do Partido Comunista Chinês.
Estava no roteiro uma visita guiada à Cidade Proibida, o complexo de palácios construído em 1406, na dinastia Ming, que abrigou os imperadores até o país ser varrido pelo comunismo entre 1911 e 1912. Janja desfilou pelo complexo histórico usando um vestido vermelho e uma jaqueta que lembrava pinturas orientais. A aventura virou vídeo no perfil da primeira-dama no Instagram.
Na agenda de Janja em Pequim também constou uma degustação de chás típicos. “Tomar chá é um hábito cultural muito vivo na China, e fui conhecer de perto essa tradição […] Eu experimentei o chá verde, que só é colhido na primavera”, escreveu em sua conta no Instagram ao lado de um vídeo da viagem. Ela também se encontrou com Peng Liyuan, a esposa de Xi Jinping, presidente da China, no Palácio do Povo.
Hotel 7 estrelas em Abu Dhabi fez parte do roteiro
No destino seguinte,Lula desembarcou nos Emirados Árabes. Enquanto cumpria agenda diplomática no país, Janja fez um passeio com a ministra da cultura árabe, Noura Al Kaabi. Também em sua página no Instagram, a socióloga conta que fez uma visita ao Palácio Presidencial do país. “[Kaabi me] mostrou diversas obras de arte de artistas locais e também a biblioteca com mais de mil exemplares, chamada Oasis”, escreveu Janja.
No país,o casal ainda ficou hospedado em um dos hotéis mais caros de Abu Dhabi. Com um padrão 7 estrelas, Lula e Janja ficaram hospedados no Emirates Palace Mandarin Oriental. A hospedagem foi uma cortesia do xeique Mohammed bin Zayed Al Nahyan, presidente do país.
O local, por si só, é um verdadeiro oásis. Além de uma vista privilegiada para o mar, o empreendimento possui um SPA de alto padrão, serviço de mordomo 24 horas, oito restaurantes com menus confeccionados por chefs renomados e conforto de alto nível em todos os quartos.
Outro país asiático que entrou na lista de Janja foi o Japão. Entre os dias 17 e 22 de maio,enquanto o presidente participava da Cúpula do G7, Janja conheceu a cidade de Hiroshima – cidade escolhida para sediar o encontro do grupo. Sem poder participar dos compromissos do encontro, a primeira-dama visitou pontos turísticos e templos da cidade.
Durante passeios pelo Japão, a primeira-dama compartilhou alguns momentos da viagem em seu Instagram. Na publicação, disse que estava “refletindo sobre a paz”. Em terras nipônicas, Janja visitou o Santuário de Itsukushima, o principal templo da religião shintoísta.
No site de pacotes de viagem Trip Advisor, um passeio parecido com o da primeira-dama pode chegar a custar até R$ 846 por pessoa com um guia turístico particular.
Em junho, quando Lula e Janja foram à França para participar da cúpula do Novo Pacto Financeiro Global, o casal compareceu ao show de rock da banda Coldplay, onde Lula discursou. Como os artistas também são conhecidos por seu ativismo na área do meio ambiente, meses depois Janja usou as redes sociais para convidá-los para se apresentar no Brasil. Isso porque o país deve sediar em 2025 a cúpula mundial do clima, no Pará.
Sem compromissos de primeira-dama, Janja foi à “Veneza” da Bélgica
Em julho, Lula e Janja viajaram para a Bélgica para que o presidente participasse da reunião dos países da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) com as nações da União Europeia. Ela foi vista em imagens oficiais descendo do avião com Lula e depois desapareceu do radar da imprensa.
Como não havia eventos previstos para as primeiras-damas na viagem, Janja viajou para Bruges, cidade turística localizada a cerca de 100 quilômetros da capital Bruxelas. A cidade é considerada a “Veneza belga” devido aos canais e ruas de paralelepípedos que cercam a região e remetem à cidade italiana.Também é parada obrigatória para os apreciadores de cerveja belga.
Mas dessa vez Janja não publicou registros mais duradouros do passeio. Ela compartilhou imagens no formato “stories” (que ficam disponíveis só por 24 horas) do Instagram se deslocando pelos canais da cidade. De acordo com pacote oferecido pelo Trip Advisor, um passeio de barco completo pelo centro de Bruges pode custar cerca de R$ 228.
Quando foi à África do Sul com Lula em agosto para a Cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Janja visitou o balé de Johanesburgo, onde conheceu bailarinos brasileiros. Ela também foi conhecer a casa onde morou Nelson Mandela, hoje transformada num museu.
As hospedagens luxuosasde Janja e Lula
Apenas entre janeiro e julho,os gastos da presidência com viagens internacionais superaram a quantia de R$ 30 milhões. De acordo com informações do Palácio do Itamaraty, o maior custo seria destinado às hospedagens: R$ 11,2 milhões.
Segundo levantamento divulgado pelaGazeta do Povo, os maiores gastos com hospedagem foram: Pequim (R$ 2 milhões);Lisboa e Madri,(R$ 2 milhões); Paris, Roma e Vaticano (R$ 3,4 milhões) e Londres (R$ 1,5 milhão).
No gigante asiático, Lula e Janja se hospedaram no The St. Regis Beijing, considerado um dos melhores hotéis da capital chinesa. De acordo com informações do portalPoder 360, a diária de uma suíte no empreendimento poderia custar até R$ 2.500. Com banheira jacuzzi em todos os quartos, o hotel dispõe de diversas salas de reunião e um SPA com diversos serviços dedicados ao “relaxamento e rejuvenescimento”.
Já na cidade de Lisboa, em Portugal, o presidente e a primeira-dama passaram os dias no hotel Tivoli, tradicional cinco estrelas que fica localizado em uma das áreas mais nobres da cidade. Por lá, a diária da maior e mais luxuosa suíte presidencial tem valor a partir de R$ 22 mil.
Com uma arquitetura imponente, o local é considerado um dos mais tradicionais de Portugal. A construção também fica próxima de famosas lojas de grife, como Cartier, Gucci e Louis Vuitton. Enquanto estava hospedada por lá, Janja foi vista fazendo compras na loja Zegna, grife italiana de roupas masculinas.
Questionada, a primeira-dama disse que precisou comprar uma gravata para Lula. De acordo com informações a imprensa, a peça de menor valor na Zegna não custa menos de 700 euros. Janja também disse que só recorreu ao estabelecimento porque era o mais próximo do hotel em que estava hospedada.
Durante a passagem de dois dias por Paris, a hospedagem escolhida foi o Hotel Intercontinental Paris Le Grand. Lula e Janja ficaram em uma suíte de mais de 140 metros quadrados. Hotel cinco estrelas, o empreendimento foi construído na época de Napoleão II e possui quartos com decorações luxuosas.
Presidente indiano pediu para Janja não aparecer em foto
No último fim de semana, Lula e Janja foram à Índia participar da18ª Cúpula do G20— grupo formado pelas 20 maiores economias do mundo e do qual o Brasil faz parte. Ao desembarcar do avião, Janja publicou nas redes sociais um vídeo dizendo: “me segura que eu vou sair dançando”. Mas logo o apagou ao receber críticas por estar viajando e brincando enquanto uma tempestade causava mortes no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Diferente das outras cônjuges de presidentes e chefes de Estado dos países que participavam do G20, Janja foi a única esposa a acompanhar as reuniões do grupo. A presença da brasileira no encontro ainda gerou uma cena para lá de desconfortável.
Ao fim de alguns compromissos, os presidentes dos países do G20 deveriam posar em uma foto ao lado do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Na vez de Lula, Janja o acompanhava e esperava para cumprimentar o líder indiano. Modi, porém, pediu para que ela se retirasse da foto com a intenção de que apenas ele e Lula aparecessem no registro.
O título de primeira-dama é simbólico e não possui caráter oficial. Sendo assim, pela etiqueta, Janja não deve acompanhar Lula em absolutamente todos os seus compromissos.
Lula vem mantendo uma rotina intensa de viagens ao exterior a ponto de atrasar as negociações políticas no Brasil, como por exemplo a ampliação da base de apoio ao governo no Congresso. Seu alegado objetivo é tornar o Brasil mais relevante no cenário internacional.
Nesse contexto, Lula cogitou até ordenar a compra de um novo avião, que tenha mais autonomia para chegar a países distantes sem ter que fazer escalas para reabastecimento.
A aeronave atual é um Airbus A319, que ficou conhecido como “Aerolula” por ter sido comprado por ele para substituir o “Sucatão”, um Boeing 707 que havia servido 11 presidentes entre 1958 e 2005.
Segundo o jornalO Estado de S.Paulo, o novo avião cogitado poderia custar até R$ 400 milhões e ter uma suíte especial para Lula, como chuveiro e cama de casal. Mas o petista não avançou com a ideia diante da repercussão negativa sobre a possibilidade de mais gastos públicos.
Gazeta do Povo