A Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) realizou sessão especial, na tarde desta terça-feira (12/12), para apresentação do documentário “Elizabeth”, que conta a história de Elizabeth Teixeira, de 98 anos, líder das Ligas Camponesas de Sapé (PB), protagonista de “Cabra Marcado para Morrer”, clássico do cinema nacional, dirigido por Eduardo Coutinho – e de mulheres que dão prosseguimento à sua luta. O documentário foi produzido pela Editora De Olho nos Ruralistas, dirigido por Vanessa Nicolav e Luís Indriúnas.
A deputada Cida Ramos, que propôs a sessão, lembra que o documentário filmado em 2023 na casa da líder popular, em João Pessoa, traz depoimentos de outras mulheres paraibanas, em João Pessoa e em Sapé, onde fica o Memorial das Ligas e Lutas Camponesas. A obra também faz paralelos com o filme “Cabra Marcado para Morrer” (1984), de Eduardo Coutinho, sobre ela e seu marido João Pedro Teixeira, assassinado em 1962. “Esse documentário, retrata a história, a memória, a identidade do povo paraibano, é que a luta pela terra gerou tantas coisas. Gerou as Ligas Camponesas. E a Paraíba teve um papel fundamental. Então, é a forma, também, de dizermos da nossa preocupação da terra ser de quem nela trabalha”, declarou Cida Ramos.
A sessão especial também foi marcada pela entrega, de forma simbólica, da Lei nº 12.938, de autoria de Cida Ramos, à ativista Anna Rachel de Arruda Tavares, neta de Elizabeth Teixeira, que na oportunidade também representava o Memorial das Ligas e Lutas Camponesas. “Essa lei é para reconhecer o trabalho de tantas mulheres, tantos homens, que fazem a comida chegar à nossa mesa. Então, é uma lei que objetiva reconhecer, dar reconhecimento, a essas pessoas”, enfatizou a deputada.
Na qualidade de neta de Elizabeth Teixeira, Anna Rachel disse estar feliz e honrada de participar desse momento. “Eu acredito que Elizabeth Teixeira traz um legado, não apenas como uma liderança das lutas camponesas. Eu acredito firmemente que ela trouxe conquistas significativas no âmbito dos direitos humanos, de modo geral, especialmente para as mulheres do campo. Essa lei é reflexo dessa presença duradoura e forte de Elizabeth. E eu espero que ela continue inspirando gerações futuras na aquisição, na conquista de uma sociedade mais justa, mais igualitária. Como ela sempre sonhou. Então, que continuemos a luta de Elizabeth Teixeira, através dessa e outras medidas que permitam o alcance desses sonhos”, declarou a ativista.
O cineasta e ativista cultural Bruno Bassi, coordenador de projetos do “De Olho nos Ruralistas”, disse que o trabalho foi muito gratificante pela importância e significância da personagem principal. “Eu acho que, em primeiro lugar, celebrar a memória da Elisabete Teixeira, o histórico de luta pelas Ligas Camponesas, e, especialmente, mostrar esse legado que ela deixou não só em Sapé, mas em todo o Brasil, através da resistência das mulheres camponesas, da luta pela agroecologia, da luta pelo território. Então esse documentário é uma grande homenagem à figura dela e à batalha das mulheres paraibanas, das mulheres do campo, que lutam há tanto tempo pela concretização da reforma agrária e na luta pela terra no Brasil”, observou.
Para o sindicalista e assessor técnico da Federação dos Trabalhadores na Agricultura da Paraíba (Fetag-PB), Ivanildo Pereira, a realização do documentário e a aprovação da lei são importantes para despertar o interesse da sociedade sobre a importância do que é lutar pela terra, lutar pela conquista da terra. “E, principalmente, quando a gente tem uma mulher que carrega nas costas até hoje o sentido desta luta. A gente só tem a agradecer, como representa os trabalhadores e trabalhadoras rurais, a Elisabeth Teixeira. Esta guerreira, esta mulher de fibra, de fé e que não desiste nunca”, completou o sindicalista.
Também prestigiaram o evento o vereador Marcos Henriques, representando a Câmara Municipal de João Pessoa; o professor Cristian Bonneau, presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB); as ativistas Zilma Feitosa, representando o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e Jéssica Silva, representando a Comissão Pastoral da Terra, na Paraíba; e a assistente social Raquel Alvarenga, representando a Fundação de Direitos Humanos Margarida Maria Alves; além de lideranças e membros de movimentos sociais envolvidos na luta pela ocupação e uso da terra e pela reforma agrária na Paraíba e no Brasil.
Agência ALPB