Quem acompanhou, inclusive nas entrelinhas, as declarações do prefeito Cícero Lucena (PP), por ocasião de um tour feito pelo gestor com a imprensa em obras de sua gestão nesta última sexta-feira (23), saiu com a impressão de que o seu ônibus ainda cabe muita gente e não vai faltar lugar até para quem até um dia desses o criticava e o seu governo.
A postura de Cícero não é algo novo, sobretudo para quem o acompanha desde o inicio dos anos de 1990, quando iniciou sua incursão na política, sendo vice-governador na chapa do saudoso poeta Ronaldo Cunha Lima. O tom adotado por Cícero é o mesmo de 34 anos atrás, quando disputou e venceu junto com Ronaldo uma memorável e histórica eleição para o Governo do Estado, e é o que mais chama a atenção na trajetória do político (com mandato) mais longevo de sua geração.
Muito desse perfil apaziguador e aglutinador de Cicero Lucena foi herdado pelo igualmente saudoso Humberto Lucena, ex-senador, contou-me esta semana o advogado e ex-deputado federal e estadual, Gilvan Freire. Segundo ele, Humberto foi até mais influente que Ronaldo na vida de Cícero, embora ao segundo o ‘Caboclinho’ tenha devotado muita devoção, a ponto de não aceitar o convite feito por José Maranhão, já falecido, para ser o seu sucessor na eleição de 2002, pleito que consagrou Cássio Cunha Lima nas urnas na disputa daquela ano.
Aliás, em matéria de conciliação e pacificação, Cícero e o governador João Azevêdo jogam o mesmo jogo e guardam muita semelhança, o que explica, de certa forma, a parceria política construída por ambos até aqui. Não é por acaso que prefeito e governador conseguiram um feito inédito por essas bandas, a manutenção de uma aliança depois de duas eleições e com uma terceira batendo à porta. Um verdadeiro feito para a Paraíba!
E é justamente essa disposição de Cícero em sempre construir pontes ao invés de muros que ninguém pode duvidar da sua capacidade de articulação e de sua obstinação em continuar somando forças, para chegar na eleição com o maior palanque possível, isso a despeito das ideologias e de quaisquer outros questões.
Com um governo bem avaliado, com obras, ações e serviços para apresentar à população, Cícero, mais que ninguém, sabe que não pode dar sopa para o azar, e que precisa seguir juntando e enchendo o ônibus que dirige para garantir o bilhete único da sua reeleição.
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