Sindalcool teme fechamento de termelétricas na Paraíba
Duas usinas termelétricas na Paraíba — a Borborema Energética, do Grupo Bolognesi, em Campina Grande, e a EPASA, em Santa Rita — enfrentam o risco de fechamento. Em busca de soluções, o presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado da Paraíba (Sindalcool-PB), Edmundo Barbosa, tem mobilizado autoridades políticas e o setor energético nacional para garantir a continuidade das operações até os leilões e preservar os investimentos de 1,5 bilhões de dólares, realizados pelas duas empresas, no estado.
“Precisamos agendar um encontro com a ANEEL para sensibilizar a agência sobre o interesse da Paraíba e do Brasil”, afirmou o presidente-executivo do Sindalcool-PB.
Em reunião realizada nesta quarta-feira (18), no Ministério de Minas e Energia, a situação crítica das empresas foi discutida com o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Pietro Mendes; o diretor do Departamento de Biocombustíveis, Marlon Arraes; o coordenador geral de Gás Natural, Mauricio Abi-Chanin; o secretário nacional de energia elétrica, Gentil de Sá; o diretor de programa da SNEE, Igor Souza; Mário Campos, presidente da Bioenergia Brasil, além de Edmundo Barbosa e os diretores das termoelétricas da Paraíba, Gabriel Freitas e Franklin De Araújo.
Entidades como o Farol do Desenvolvimento da Paraíba e a Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEPB), por meio do presidente Cassiano Pereira, também têm colaborado para soluções.
Conversões para a transição energética e benefícios para o estado
As termelétricas propõem uma alternativa alinhada com a transição energética: a conversão de combustíveis fósseis para etanol anidro, gás natural e biometano.
Segundo Edmundo Barbosa, a UTE Borborema poderá se tornar a primeira termelétrica do Brasil a operar com etanol anidro em até dois anos. “Seriam 250 mil litros de anidro por dia, etanol produzido por 20 mil trabalhadores paraibanos. As usinas da Paraíba têm capacidade produtiva para atender a demanda”, destacou.
Já a EPASA, que opera as usinas Termoparaíba e Termonordeste, possui planos avançados para a conversão ao gás natural e biometano, com demanda de 200 mil m³ diários. A medida pode beneficiar as indústrias da Paraíba através da modicidade tarifária. A medida pode incentivar a produção de biometano pelas usinas de etanol locais, aterros sanitários e estações de tratamento de esgotos.
A continuidade e a conversão das operações trariam vantagens para a Paraíba. Além de fortalecer a segurança energética, as medidas poderiam reduzir as tarifas de gás natural e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. “A conversão da EPASA depende de maior abastecimento de gás natural vindo de Pernambuco e ajudará a reduzir as emissões das duas unidades termelétricas”, reforçou Barbosa.
Importância das termelétricas
As usinas termelétricas desempenham um papel estratégico no Sistema Interligado Nacional (SIN), especialmente em cenários de deficiência hídrica e crescimento das fontes intermitentes, como a energia solar e eólica. Graças à sua flexibilidade operacional, as termelétricas garantem o fornecimento de energia suficiente nos momentos de maior demanda, regulando tensão e frequência do sistema elétrico.
Sobre a Borborema Energética
Localizada em Campina Grande, a UTE Campina Grande é uma instalação de reserva energética pertencente ao Grupo Bolognesi. Construída pela Wärtsilä, é uma usina que opera em situações emergenciais e possui técnicas previstas para conversão do abastecimento ao etanol anidro ou ao gás natural.
Sobre a EPASA
As usinas Termoparaíba e Termonordeste, localizadas em Santa Rita, têm capacidade conjunta de 400 MW , suficiente para abastecer aproximadamente três milhões de residências. Em operação desde 2010, a EPASA já concluiu os estudos necessários para a conversão ao gás natural desde 2022, reforçando sua relevância na estabilidade energética da Paraíba e na redução das emissões.